Ser comunidade é construir laços onde o comum é estar sozinho. Onde nos ensinaram que conviver e interagir não eram prioridades. E aí você custou a perceber que esse papo não fazia sentido.
Para pra pensar em como é bom estar junto. A sensação simples, mas encantadora, de não estar só. A paz de pertencer, o conforto em ver no outro um pouco de você, ou a beleza de ver na diferença gigante do outro um aprendizado maior ainda. O sentimento bom de fazer parte, de ter alguma certeza de que você é parte de algum lugar. Um grupo de amigos, uma turma da faculdade, um trabalho em equipe, uma porção de gente sonhando junto e os seus olhos brilhando satisfeitos e você pensando: não sou só eu.
Comunidade é fazer isso se multiplicar. É acreditar que ninguém nasceu pra estar sozinho. Comunidade é ser você, só que de um jeito muito mais completo. É descobrir e construir, na prática, quem é você. É sentir, é entender, olhando nos olhos do outro, sentindo o que está sentindo o outro, colocando-se em outro lugar, quem é que você quer ser. Aliás, você sabe?
Ser comunidade é estar aberto a perceber como é que cabe tanto gosto diferente, tanto jeito diferente, tanto sonho diferente dentro de uma pessoa só. E aí ver ainda que é exatamente essa bagunça o que te torna tão especial. Mesmo que, em vez de especial, te chamem é de louca ou louco, simplesmente por você não ser alguém tão comum assim.
Curiosamente, comunidade é exatamente como você. É o que nos torna um só, com tudo o que somos e o que temos de diferente. Sobretudo, comunidade é mistura, é diversidade. Ou você acha que faria sentido uma comunidade com todo mundo igual? Se ninguém fosse diferente de mim, como é que eu me completaria em você? Valeria o esforço do convívio? Valeriam os riscos da empatia? Sorte nossa que o mundo não funciona assim.
Ser comunidade é lidar com as diferenças do jeito mais natural e profundo de que a gente é capaz: com amor. Querer isso é sonhar com o dia em que viver nas diferenças vai fazer todo o sentido pro mundo inteiro. E sonhar com isso é agir com urgência enquanto esse dia não chega. É dar a cara a tapa pra defender que, se o nosso sonho é ser comunidade, o nosso caminho é o respeito. E se vejo valor em estar junto, o meu caminho é ser muito mais que só eu.
Ser comunidade é o sentimento de quem sabe, do fundo do coração, por um milhão de motivos diferentes, que é, sim, urgente estar junto. Querer junto, fazer junto, crescer junto. Aliás, no fim das contas, comunidade não é o que nos faz comum. Pelo contrário, é o que nos faz incomuns. Em tempo de tanta desconfiança, em rumos de tanta polarização, em realidades em que é tão possível querer viver sozinho, a gente acredita no contrário.
Querer ser comunidade é ter certeza de que não há impacto maior do que as conexões entre pessoas. É o olho no olho, são as mãos dadas. É aquela linha tênue a partir da qual muita coisa que parecia conto de fadas passa a ser real demais. E você até se assusta: eu realmente acredito nisso.
Já parou pra imaginar isso a fundo? Os laços que você até enxerga, mas não faz. As conexões que você projeta, mas só projeta. Os amigos, os colegas, os irmãos, os sócios ou os amores que podem ter corrido pela sua frente hoje cedo, mas não passaram de possibilidades, porque você parece ter estado sempre distante demais.
Parece muito longe dar um bom dia, muito arriscado sorrir fora de época, uma falta de respeito respeitar demais, uma conspiração achar que não somos melhores, pura utopia falar de amor, uma ousadia gigante perguntar “tá tudo bem?”
Por que é que parece ainda tão difícil?
Chega! É tempo de caminhar junto. Aliás, talvez sempre tenha sido tempo disso, só que agora é a nossa vez de juntar. E isso exige tudo de nós. Fazer de cada dois, um laço. De cada sonho, um risco e uma chance. De cada lugar, uma comunidade, ou várias. A gente precisa é estar junto.
E, claro, muitos te farão pensar que não é assim que se muda o mundo. O melhor de tudo é que você não acredita nem um pouco neles. Nem eu.
Mais do que nunca, quero ser comunidade. Você vem comigo?
TEDxUFMG. Quero ser comunidade.
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